Pequeno Vocabulário Lusitano para Brasileiros (e vice-versa)

João Carlos Lopes dos Santos


Como ficava muito difícil entender, nos telejornais portugueses, por exemplo, que "o bastonário, junto à berma, a falar pelos advogados, deu razão aos utentes no caso da portagem da Crel", passei a compilar verbetes para mim estranhos e cristalizei o ‘Pequeno Vocabulário Lusitano para Brasileiros (e vice-versa)’. Bastonário, berma, utentes, portagem, entre várias outras faladas em Portugal, são palavras absolutamente desconhecidas por quem fala o Português do Brasil.

Sendo brasileiro com sangue transmontano de Vila Real, por parte de pai, e açoriano da Ilha Terceira, pelo lado materno, jamais perdi os laços afetivos com Portugal. Vocês sequer imaginam a saudade que sinto de um país onde jamais botei os pés, mas que conheço profundamente e sou fã incondicional.

No rodapé, você vai encontrar em torno de mil e trezentas palavras usadas em Portugal que, na sua maioria, são desconhecidas por aqueles que vivem no Brasil.

Que não se entenda o ‘Pequeno Vocabulário Lusitano’ como um trabalho profundo sobre a língua portuguesa falada em Portugal. Não sou professor de português, filólogo ou linguista, já que esses estudos não estão catalogados no meu pobre currículo. Portanto, use o PVL como uma ajuda despretensiosa. Afinal, dúvidas desse tipo se tira com consultas aos tradicionais dicionários da língua portuguesa.

Por ser assíduo telespectador da SIC e da RTPI e por ter muitos amigos portugueses, que muito me ajudam nesta empreitada, venho pesquisando a língua de Camões na sua forma mais castiça, sem mistura, genuína, correta no falar e no escrever, totalmente isenta de influências e barbarismos. O meu objetivo, mesmo de longe, foi beber água na fonte e aí surgiu a ideia de organizar o PVL.

A língua portuguesa falada em Portugal também sofreu influências e continuará a sofrer, até para justificar de que se trata de uma língua viva. Já as versões faladas nos demais países lusófonos, espalhados pelo mundo, sofreram e continuam a sofrer as influências locais, apresentando particularíssimas mutações.

Nesses países, com muito mais intensidade, posto que, na medida em que a língua de Camões, Eça de Queiroz, Fernando Pessoa, José Saramago, entre outros mestres escritores lusófonos de primeira linha, se funde com diversos outros idiomas e dialetos locais. No Brasil, por exemplo, falamos um Português misturado com milhares de palavras do Tupi-Guarani. Há países em que o povo já fala uma outra língua, onde ainda se usam várias palavras do idioma português, mas que, decerto, Português já não é. Apenas um exemplo: você já ouviu a letra de alguma música cabo-verdiana?

Se o leitor tiver interesse, deve aprofundar estudos sobre o uso da língua portuguesa – e suas influências – nos países que têm o Português como língua oficial, como língua oficial compartilhada com outras ou, ainda, em países em que a língua portuguesa é bastante falada, mesmo não sendo o idioma oficial. Cito aqui alguns países: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

O PVL ainda não está concluído. Isso só será possível com as suas sugestões para inclusão de novos termos, ou com a indicação de possíveis erros, para que possa corrigi-los. Colabore com comentários, sugestões ou correções.

Para fazer justiça, dou um crédito especial ao Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, uma fonte preciosa para quem desejar um contato mais profundo com o idioma falado em Portugal. Nele me socorri, para saber o significado de muitos verbetes mais abaixo incluídos. O Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, disponibilizado para as suas pesquisas, poderá ser encontrado clicando aqui.

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