Crônicas de Nova Ipanema

A primeira jabuticaba ninguém esquece

João Carlos Lopes dos Santos



Será que foi em 1987? Não sei... Já perdi a noção do tempo decorrido desde que meu filho mais velho, João Carlos, apareceu com uma pequena muda de ‘pau-brasil’. Ele mesmo deve ter tomado a inciativa de plantá-la num vaso da nossa varanda, a menor, aquela que dá para o BarraShopping.

Quando demos pela coisa, era uma pequena árvore que atingia o teto da varanda. A solução foi chamar o jardineiro de Nova Ipanema para que a replantasse no ponto mais adequado do nosso bosque. É assim que os nova-ipanemenses devem proceder. O bosque, decerto, é nosso, mas o dividimos com os demais condôminos. Já imaginaram se todos saírem plantando o que lhes der na telha e onde bem entenderem?

Lembro-me, agora, que o agapornis ‘Fujão’, personagem de outra crônica que, no final, lhes darei notícia, foi enterrado, em 2002, junto ao tronco desse ‘pau-brasil’. Sei lá quantos anos depois, eis o resultado que vem adiante, destacando os verdes das penas do Fujão estampados na copa da árvore.

Crédito da foto: Lenita Neves Lopes dos Santos.
Árvore Pau Brasil

Depois, brotou um pé de milho...

Que me lembre, já consegui colher nas nossas varandas, numa pequena jardineira da área de serviço e noutros suportes: espiga de milho, pimenta, hortelã, cebolinha, tomate, boldo, capim-limão, manjericão, jabuticaba e pitanga. Além de um pé de sapoti que brotou no apartamento do meu sogro, mas vicejou por muito tempo no nosso varandão. Agora, ele se desenvolve num simpático sítio no sul de Minas Gerais, em pagamento da nossa dívida de gratidão com o não menos simpático casal, aquele que nos deu a nossa jabuticabeira. Agora, temos uma jabuticabeira mineira e eles têm um pé de sapoti carioca.

Na jardineira da nossa área de serviço, que hoje mede aproximadamente 20 cm de largura, por 20 cm de profundidade, colhi tomates e deles enviei foto aos amigos. Antes, a profundidade da jardineira era quase de um metro. Só que a Lenita, minha mulher, para embutir a máquina de secar roupas e fazer um pequeno armário, reduziu a profundidade da jardineira para 20 cm. Do nada, quando era mais profunda, nasceu ali o pé de milho, que cresceu também até o teto. Dele, comi apenas uma espiga: uma delícia! Não tirei fotos, mas tenho testemunhas...

A primeira pitanga também não se esquece

Quase tudo que vingou nas nossas varandas teve geração espontânea, caso do pé de milho e do tomateiro, ou de um ato despretensioso de se colocar um caroço na terra, o caso da nossa pitangueira. Lenita colheu uma pitanga no bosque de Nova Ipanema, a comeu e plantou o caroço num vaso do varandão. A seguir, veja a foto da primeira pitanga.

Crédito da foto: Lenita Neves Lopes dos Santos.
Pé de pitanga

A primeira jabuticaba

Eis a foto de quando foi descoberta a primeira jabuticaba, em 10/9/2017. Jamais saboreei jabuticaba tão gostosa. De lá para cá, não deu mais... Contudo, sei que é só uma questão de tempo. A jabuticabeira, como já disse, foi um presente que nos chegou do sul de Minas Gerais.

Crédito da foto: João Carlos Lopes dos Santos.
Pé de Jabuticaba

Paisagem tupiniquim

Não sei se você observou que tudo que foi comentado, até aqui, compõe uma aquarela absolutamente brasileira. Portanto, não caia na esparrela emocional em que meu pai caiu. Saudoso da sua aldeia natal, Magalhã, Portugal, ali pertinho de Vila Real de Trás-os-Montes, onde viveu na agricultura até seus 13 anos, tentou plantar no quintal da nossa casa, no bairro carioca do Méier, uma videira, onde só dava frutos tupiniquins. Logicamente, apresentou uvas de tamanhos ridículos e de sabor intragável.

Meu pai à procura de um hobby

Passou, então, a outro hobby: criação de galinhas da raça ‘Rhode Island Red’. Também não se dando bem nesse passatempo, meu pai, professor de saber eclético e advogado civilista, mas com forte vocação para a engenharia civil, voltou à plantação. Plantou quatro apartamentos destinados a aluguel no nosso quintal, o que, entre outros imóveis por ele construídos, garantiu a sua aposentadoria e a de minha mãe. Ele era um sábio. Foi uma pena que, à época, eu não soubesse disso.

Post Scriptum – Depois, para conhecerem o nosso saudoso agapornis, clique sobre o título • A história do Fujão.

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